quinta-feira, janeiro 04, 2007

O filho do taxista

Tenho que admitir, são mais do que muitas as histórias que eu ouvi de taxistas lisboetas, mas a minha última viagem realmente estabeleceu um standard para todas as corridas passadas… e futuras!

Long story short, a conversa foi mais ou menos assim:

Taxista (T) – Tem que se voltar ao trabalho não é?
Eu – É verdade, tem que ser…
T – Então, mas a menina é cá de Lisboa?
Eu – Não, não! Sou do Porto!
T – Ah… mas trabalha cá é?
Eu – Também não… trabalho fora.
T – Ah… trabalha fora… Pois é… o meu filho também está fora… Foi para Inglaterra há 7 anos por causa de uma inglesa e ficou por lá!
Eu – Hum…
T – É verdade! Estávamos todos a passar férias no Algarve quando eles se conheceram e no final das férias meteu-se no carro dele e foi embora com ela! Veja lá… eu digo-lhe… aquele rapaz sempre foi um mulherengo!
Eu – Isso é que é pior… (não havia nada que eu pudesse dizer que não virasse a conversa no sentido que o homem a queria virar)
T – É pior?! Ah pois é! Porque aquele rapaz não pode ver um rabo de saia! Sempre nos deu problemas por causa das mulheres. Acredite menina, teve um filho aos 14, outro aos 15 e outro aos 16… E, digo-lhe, andava com tantas que até já havia pais de raparigas em Odivelas que as proibiam de falar com ele…
Olhe, às vezes os vizinhos vinham ter comigo ou com a minha mulher e relatavam quantas raparigas tinham estado lá em casa num só dia!
Aquele rapaz… um cabrão dum mulherengo!
Mas sabe, a culpa não é só dele… é que ele… Não é por ser meu filho, mas é mesmo bonito! Assim… alto, com o olho verde, veste-se bem, sabe falar… É que sabe mesmo falar, porque ele tem os estudos todos do 12º ano, e fala inglês… Pronto as mulheres vão todas na lábia dele…
(pronto… claro… pobres mulheres que não resistem a um olho verde bem falante… tão indefesas e fraquinhas que só podem cair nas armadilhas dos homens… Fortes caçadores que não querem mais do que espalhar a semente!)
Mas sabe menina o pior são os filhos… se ao menos ele não lhes fizesse filhos! Porque ele fá-los mas depois quem tem que os criar sou eu e a minha mulher.
Um mulherengo! É como lhe digo, ele é um cabrão de um mulherengo!
Eu - Pois… isso é que é pena…
T – Ah pois é… é a vida! Olhe menina… é aqui que quer ficar não é?
Eu – É, pode ser aqui mesmo.
T – Em que instante chegamos.
Eu – É mesmo, quanto lhe devo?”

Assim, em 10 ou 15 minutos de viagem tive o privilégio de saber tudo isto sobre o filho do taxista… que afinal podia ser tantas outras coisas e ter tantos atributos, mas o pai não tem dúvidas sobre a rotulagem a pôr à cria: ele é um cabrão dum mulherengo que não pode ver um rabo de saia… Pobre pai… pobre filho!
photos by: cdgabinete, Lx, Fevereiro e Setembro 2005

1 comentário:

Inês disse...

Adoráveis taxistas! Levantam-nos logo o astral se o dia não está a correr assim tão bem!
Adoráveis! ;)