quarta-feira, agosto 01, 2007

Aimee Mann, no concerto do ano....

Podia ser qualquer uma, porque realmente a qualidade das nossas fotos não permitem distinguir nada, nem ninguém... mas não... é a Aimee, naquele que foi (provavelmente) o concerto do ano!!
Em concertos assim, parece-me que andam os sonhos a imitar a vida real...



Mas porque eu sou suspeita e completamente biased.... aki fica a review da "Blitz"; disponível através do link:
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/11326&sid=bz.sections/35

"O Coliseu dos Recreios, em Lisboa, é – sabe-se há muito – uma sala imponente. Pela sua história, pelos vultos imensos que já passaram por aquele palco… Mas ver o Coliseu, cadeiras de plateia montadas, cheio, para receber uma música que de tão simples extrapola os limites da complexidade, torna-o subitamente mais imponente – e isso sentiu-se esta noite, dos dois lados da estreia de Aimee Mann em Portugal. É isso que justifica que a cantautora tenha, por diversas vezes, descrito o público (e a sala!) como “awesome”. Assim, simplesmente. Como a sua música.

Aimee Mann há muito que passou dos 40 – mas a doçura e a suavidade da sua voz lembram muitas vezes as características de uma criança. Mesmo quando, pelas suas canções, se vão narrando histórias de desilusões, de dor – ou apenas de vida. Mann não é bem folk nem é apenas pop, é catarse mas também é melancolia, é esperança mas também introspecção. Ao longo de mais de hora e meia, acompanhada por teclas, baixo e bateria, foi mostrando a história da sua música – da estreia a solo (após o ponto final nos ‘Til Tuesday), com Whatever , ao álbum que se segue, ainda sem título mas com data prevista de lançamento para Janeiro de 2008, do qual mostrou “31 Today”.

Aimee Mann é grande – realmente grande. Alta e esguia. Surge de cabelo muito loiro, escorrido. Simples. E, como ela, as suas canções são também de uma simplicidade desarmante. Não apenas pela forma praticamente crua como são apresentadas – na maioria das vezes com base na sua voz e também na sua guitarra acústica. Essas canções são reais e falam de sentimentos reais. É isso que as torna maiores do que a própria vida – e foi essa grandeza que acabou por inspirar Paul Thomas Anderson nessa viagem suprema que é Magnolia . E que acabou por catapultar Mann para os olhos da ribalta (chegou mesmo a ser nomeada, com “Save Me”, para o Oscar de Melhor Canção – mas, como a sua autora recordou em Lisboa, acabou por perder para… Phil Collins).

A introspecção das canções de Aimee Mann acabou por contrastar com a forma emotiva com que se foi relacionando com o público português. Num palco (também ele!) simples e despido de quaisquer artefactos que pudessem retirar a atenção total das canções – afinal de contas, as grandes estrelas da noite -, ladeada pelos homens que tornam as suas pérolas em verdadeiras flores de aço, Aimee Mann foi narrando a sua alegria por finalmente estar em Portugal. Chegou a contar que tinham tido o privilégio de passar um dia de folga em Lisboa – e que isso lhes tinha permitido, não só passear bastante, mas comer muito bem… além de beber vinho do Porto. Perante um Coliseu cheio, com um público tímido mas sempre presente, Mann foi progressivamente rendendo-se. Dizia que a sala era linda – e agradecia quando alguém, bem junto ao palco, lhe gritava que ela também era “linda”. Foi-se arriscando e anunciou que iriam interpretar “Momentum” pela primeira vez ao vivo – “vamos ver como sai”, ia avisando. E começou por sair tão mal que Mann não teve pudor em parar: “acho que conseguimos fazer melhor”. Com o público também ele já rendido, à segunda foi definitivamente melhor.

As canções de Aimee Mann são feitas de imagens – e inegavelmente foram as canções que serviram às imagens de Magnolia as grandes protagonistas do concerto. Já em fase de encore, ouviam-se os pedidos explícitos por “Wise Up” . E, como na obra de Anderson, sentiu-se aí a surrealidade da redenção que apenas uma chuva de sapos pode carregar. Perfeitamente despropositada. Propositadamente irreal. O público levantou-se e aplaudiu de pé – era esse o remate perfeito para uma noite onde a realidade, por mais cruel que possa ser, se desenhou em traços de beleza delicada. Como no filme de Anderson, nas canções de Mann cruzam-se caminhos – e hoje à noite, em Lisboa, o caminho de Aimee Mann cruzou-se finalmente com um palco português. Mesmo terminando com “Deathly”, onde canta “Now that I've met you, would you object to never seeing each other again ”, Mann deixou votos de um reencontro em breve. “Have a great night”, diria ainda. Já tinha sido.

Lisboa, 25 de Julho

1) Little Bombs
2) You Could Make A Killing
3) One
4) Video
5) Freeway
6) Going Through The Motions
7) Save Me
8) Amateur
9) Driving Sideways
10) You Do
11) Momentum
12) 31 Today
13) How Am I Different
14) She Really Wants You
15) Way Back When

16) Red Vines
17) Humpty Dumpty

18) Wise Up
19) Deathly"

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