quinta-feira, fevereiro 19, 2009

todo o pudor que desfizeste...

"...
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias do nosso amor."

poema de: David Mourão-Ferreira, "Penélope"

photo by: cdgabinete, Mairie de Paris, Maio 2008

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